"Levantando-se, Jesus perguntou a ela:
— Mulher, onde estão eles? Ninguém condenou você?
Ela respondeu:
— Ninguém, Senhor!
Então Jesus disse:
— Também eu não a condeno; vá e não peque mais".
(Jo 8.10-11 NAA)
Leia Jo 8.1-11
Aqui, mais uma vez, Jesus, nosso Senhor, se encontra em conflito com as lideranças religiosas do seu tempo. Jesus ensinava o povo que havia se reunido para ouvi-lo. De repente ele é interrompido bruscamente pelos líderes religiosos do povo, os escribas e fariseus, que de modo brutal empurram uma mulher pega em flagrante adultério, para o meio da multidão. Eles queriam que o Mestre caísse numa cilada; esperavam obter evidências suficientes para prender Jesus e tirá-los do caminho. Esses líderes, tão zelosos quando ao cumprimento da lei, no ímpeto de fazer Jesus cair numa cilada, descumprem uma exigência da própria lei: a lei ordenava que ambas as partes culpadas fossem apedrejadas (Lv 20.10; Dt 22.22), e não apenas a mulher. É estranho e suspeito que, ao pegar o casal em flagrante, tenham deixado o homem (que fazia parte do esquema) escapar. É muito suspeito que o adúltero tenha saído livre.
Vemos, nestes versículos, o contraste entre a benignidade de Cristo e a maldade do homem. A lei judaica requeria que os acusadores atirassem a primeira pedra (Dt 17.17). Quando diz: "Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra", Jesus não estava pedindo que os homens sem pecado julgassem a mulher - ele sabia que era o único nessa condição. Ele se referia ao pecado pelo qual se acusava a mulher, ou seja, o adultério, um pecado que pode ser cometido tanto no corpo quanto no coração (Mt 5.27-30). Os acusadores, agora acusados pela própria consciência, foram saindo silenciosamente, deixando Jesus a sós com a mulher adúltera. Jesus, então, a perdoa e lhe adverte a não pecar mais.
O fato de Jesus ter perdoado a mulher significa que, um dia, ele morreria pelos pecados dela. O perdão, embora seja gratuito, não é barato - custou o sangue do Filho de Deus. Aqui vemos a lei e a graça se complementando: a lei foi dada para expor o pecado e devemos ser condenados pela lei antes de sermos purificados pela graça do Senhor. Ninguém jamais foi salvo por guardar a lei, contudo, ninguém jamais foi salvo pela graça sem que antes tenha sido acusado pela lei. Deve haver convicção do pecado antes de haver a conversão. Pela lei, a mulher adúltera foi acusada e convencida do pecado; pela graça do Senhor ela foi salva e convertida ao Senhor.
(Felipe Catão)